Produções Técnicas http://192.100.251.116/index.php/PT <p>Manuais, Catálogos, Livretos e Material didático produzido por docentes e discentes da Universidade de Vassouras e Instituições afins.</p> Editora da Universidade de Vassouras pt-BR Produções Técnicas <p>Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:</p> <p>Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o artigo simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Creative Commons CC BY que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista. Esta licença permite que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original. É a licença mais flexível de todas as licenças disponíveis. 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Sai de casa correndo, atrasado, pois esqueceu de ativar a chave Lógico-Matemática para calcular as horas e o tempo gasto se arrumando em relação ao horário do ônibus. Já no ponto, corre para trocar o interruptor e acionar a chave dos conhecimentos de Língua Portuguesa para ler o letreiro e pegar a condução correta no dia de hoje. Ao chegar na escola em que trabalha, se lembra que hoje é dia de atividade extramuros e sua turma irá ao museu do Folclore. Você entra em colapso! Não sabe qual chave acionar: História? Geografia? Artes? Educação Física? Biologia? Língua Portuguesa? Como separar esses conhecimentos na vida real?</p> <p>Felizmente, nosso cérebro não funciona fatiando conhecimentos, aprendendo e acionando saberes de um em um. Se assim fosse, eles nem seriam bem compreendidos, nem fariam sentido na vida em sociedade. Não usamos uma área do saber por vez, nem devemos tentar fazê-lo. Pelo contrário, a vida real é plural e complexa, produzida no encontro de diferentes saberes e áreas do conhecimento.</p> <p>Essa especialização do conhecimento em áreas e subáreas é um movimento historicamente recente. Em parte, atende à expansão da ciência experimentada nos últimos séculos e ajuda os seres humanos a seguir avançando na tarefa de desvendar e aprimorar a vida na Terra, apesar da limitação da nossa mente, incapaz de absorver e processar todo o conhecimento já produzido. Porém, essa especialização tem seu preço e nos coloca face ao risco do isolamento do saber, ou seja, quando os conhecimentos e suas áreas param de dialogar, fechando-se em si mesmas, gerando uma hiper-especialização.</p> <p>Se essa hiper-especialização é arriscada na Educação Superior – espaço do saber em que a separação é mais latente e reconhecível –, é na Educação Básica que o risco se avoluma, afinal, ela representa a primeira e mais fundamental formação humana sistematizada na sociedade moderna. É na escola que o sujeito tem contato mais organizado e estruturado com os saberes da ciência e se aprofunda na tarefa de ler o mundo pelas diferentes óticas propostas por cada área do conhecimento. Se, ao longo desse processo, os educandos se restringirem a guardar saberes em arquivos separados, apartados do diálogo, correm sério o risco de não conseguir aplicá-los na vida real.</p> <p>É tanto na tentativa de reduzir o distanciamento entre as áreas do saber, aprofundado na modernidade, quanto no reconhecimento de que essa separação é artificial e não atende à realidade complexa da vida humana em sociedade, que nasce a proposta dos Temas Transversais. Seja em sua primeira formulação a nível federativo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), seja na sua atualização com a Base Nacional Curricular Comum (BNCC), a proposta é formar um ser humano integral, biopsicossocial, que saiba não apenas transitar pelos diferentes desafios impostos, mas que também seja capaz de interpretá-los criticamente ao ponto de transformar a realidade social.</p> <p>Muitas críticas cabem aos documentos norteadores desses temas nos PCN e na BNCC, mas deixaremos essas para outros momentos. O livro que está em suas mãos se debruça sobre as possibilidades geradas pela transversalização dos saberes, partindo de experiências paridas no chão da escola para inspiração professores, pesquisadores e gestores escolares que lutam por uma educação de qualidade, crítica e contextualizada. Reciclagem, cultura corporal, o corpo na história, africanidades, artes plásticas e práticas de aventura são alguns dos motores que põem diferentes áreas do saber escolar para dialogar aqui.</p> <p>Sem desejar exaurir os temas, as páginas que se seguem buscam uma educação que não deposita conhecimentos desconectados nos educandos, mas que os convida ao árduo processo de se tornar humanos em uma sociedade cada vez menos humanizada, de integrar em um contexto cada vez mais dividido, de dialogar por entre muros que cerceiam a vida coletiva, de produzir uma educação para o ser humano completo, abarcando as variadas dimensões da sua existência.</p> Rafael Carvalho da Silva Mocarzel Carolina Goulart Coelho Carlos Eduardo Rafael de Andrade Ferrari Copyright (c) 2025 Rafael Carvalho da Silva Mocarzel, Carolina Goulart Coelho, Carlos Eduardo Rafael de Andrade Ferrari https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2025-12-09 2025-12-09