Batman: um andarilho dardejante e a Atenção Psicossocial
Palavras-chave:
Saúde Mental, Arte, Serviços de Saúde Mental.Resumo
Este estudo objetivou discutir os desafios e possibilidades para a produção do cuidado ao portador de transtorno psíquico com comportamento andarilho a partir do regime ético-estético. Abordagem qualitativa por meio da observação participante e diário de campo com referencial sociopoético. O participante foi um usuário do CAPS no Rio de janeiro, identificado na pesquisa como “Batman”. É um jovem de 20 anos que tem uma forte relação com ideações de ser super-heróis (delírio de grandeza) e um plano de ir para a cidade de São Paulo. Possui um comportamento andarilho que pode colocá-lo em risco, pois tem histórico de sair e por vezes com dificuldades de encontrar o caminho de volta para sua casa. O movimento andarilho parece ser mais do que ir para um lugar, mas ele próprio – o movimento – parece já ser o cenário em que Batman encontra sua intensidade. Errante. Os resultados da pesquisa ganharam força pelo uso de poesias e músicas. Procurou-se dar espaço para a intuição, que remete às criações, ao pensamento que foi produzido pelo sensível no processo de produção dos dados. Para cuidar de Batman sem retirá-lo de sua autonomia e sem expô-lo a riscos, é preciso que seu projeto terapêutico esteja dentro de seu projeto de vida. Neste sentido, um movimento mais autopoiético do que psiquiátrico é que nos aponta o caminho para que se sustente uma vida que se dá no descaminho, como é o caso de Batman.
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