Temas Transversais em Educação

possibilidades de diálogos

Autores

Resumo

Imagine que seu cérebro funciona como um quadro de energia, cheio de interruptores, um para cada área do conhecimento. Ao acordar você aciona a chave da Biologia para mobilizar saberes sobre o corpo humano a fim de suprir suas necessidades fisiológicas e cuidar da higiene pessoal. Ao preparar seu desjejum, desliga essa chave e aciona a da Física para aquecer a água e passar um café fresquinho. Sai de casa correndo, atrasado, pois esqueceu de ativar a chave Lógico-Matemática para calcular as horas e o tempo gasto se arrumando em relação ao horário do ônibus. Já no ponto, corre para trocar o interruptor e acionar a chave dos conhecimentos de Língua Portuguesa para ler o letreiro e pegar a condução correta no dia de hoje. Ao chegar na escola em que trabalha, se lembra que hoje é dia de atividade extramuros e sua turma irá ao museu do Folclore. Você entra em colapso! Não sabe qual chave acionar: História? Geografia? Artes? Educação Física? Biologia? Língua Portuguesa? Como separar esses conhecimentos na vida real?

Felizmente, nosso cérebro não funciona fatiando conhecimentos, aprendendo e acionando saberes de um em um. Se assim fosse, eles nem seriam bem compreendidos, nem fariam sentido na vida em sociedade. Não usamos uma área do saber por vez, nem devemos tentar fazê-lo. Pelo contrário, a vida real é plural e complexa, produzida no encontro de diferentes saberes e áreas do conhecimento.

Essa especialização do conhecimento em áreas e subáreas é um movimento historicamente recente. Em parte, atende à expansão da ciência experimentada nos últimos séculos e ajuda os seres humanos a seguir avançando na tarefa de desvendar e aprimorar a vida na Terra, apesar da limitação da nossa mente, incapaz de absorver e processar todo o conhecimento já produzido. Porém, essa especialização tem seu preço e nos coloca face ao risco do isolamento do saber, ou seja, quando os conhecimentos e suas áreas param de dialogar, fechando-se em si mesmas, gerando uma hiper-especialização.

Se essa hiper-especialização é arriscada na Educação Superior – espaço do saber em que a separação é mais latente e reconhecível –, é na Educação Básica que o risco se avoluma, afinal, ela representa a primeira e mais fundamental formação humana sistematizada na sociedade moderna. É na escola que o sujeito tem contato mais organizado e estruturado com os saberes da ciência e se aprofunda na tarefa de ler o mundo pelas diferentes óticas propostas por cada área do conhecimento. Se, ao longo desse processo, os educandos se restringirem a guardar saberes em arquivos separados, apartados do diálogo, correm sério o risco de não conseguir aplicá-los na vida real.

É tanto na tentativa de reduzir o distanciamento entre as áreas do saber, aprofundado na modernidade, quanto no reconhecimento de que essa separação é artificial e não atende à realidade complexa da vida humana em sociedade, que nasce a proposta dos Temas Transversais. Seja em sua primeira formulação a nível federativo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), seja na sua atualização com a Base Nacional Curricular Comum (BNCC), a proposta é formar um ser humano integral, biopsicossocial, que saiba não apenas transitar pelos diferentes desafios impostos, mas que também seja capaz de interpretá-los criticamente ao ponto de transformar a realidade social.

Muitas críticas cabem aos documentos norteadores desses temas nos PCN e na BNCC, mas deixaremos essas para outros momentos. O livro que está em suas mãos se debruça sobre as possibilidades geradas pela transversalização dos saberes, partindo de experiências paridas no chão da escola para inspiração professores, pesquisadores e gestores escolares que lutam por uma educação de qualidade, crítica e contextualizada. Reciclagem, cultura corporal, o corpo na história, africanidades, artes plásticas e práticas de aventura são alguns dos motores que põem diferentes áreas do saber escolar para dialogar aqui.

Sem desejar exaurir os temas, as páginas que se seguem buscam uma educação que não deposita conhecimentos desconectados nos educandos, mas que os convida ao árduo processo de se tornar humanos em uma sociedade cada vez menos humanizada, de integrar em um contexto cada vez mais dividido, de dialogar por entre muros que cerceiam a vida coletiva, de produzir uma educação para o ser humano completo, abarcando as variadas dimensões da sua existência.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rafael Carvalho da Silva Mocarzel, Universidade de Vassouras

CONTATOS:
Telefone: +55(21)969810106.
Email: professormocarzel@gmail.com.
Redes sociais (em geral): @rafaelmocarzel.
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9480-826X.

FORMAÇÕES ACADÊMICAS:
Pós-Doutoramento em Ciências do Movimento Humano e Reabilitação (UNIFESP / Brasil); Doutoramento internacional em Ciências do Desporto (UP / Portugal) com reconhecimento nacional (USP / Brasil); Mestrado em Ciências da Atividade Física (UNIVERSO / Brasil); Especialização em Acupuntura (ANHANGUERA / Brasil); Especialização em Psicomotricidade (FCE / Brasil); Licenciatura em Educação Especial (FCE / Brasil) Licenciatura Plena em Educação Física (UNIVERSO / Brasil).

FORMAÇÕES COMPLEMENTARES:
Professor (Faixa Preta) em 6 estilos de Kung-Fu (Garra de Águia, Tai Chi Chuan, Shuai Jiao, Sanda/Sanshou e Wushu Moderno: Norte e Sul). Instrutor de Pilates e Dança (zouk e forró/xote). Atua também com Terapias Holísticas e Massagens.

ATUAÇÕES ACADÊMICAS:
É Professor Adjunto da Universidade de Vassouras no curso de Educação Física e Coordenador de seu Núcleo Científico. Foi professor substituto da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) nos seus cursos de Educação Física. Integra o Centro de Investigação, Formação, Inovação e Intervenção em Desporto da Universidade do Porto (CIFI2D) e o Grupo Caminhos Marciais, Humanidades e Educação Integral (EDUCAM). Membro Fundador da Associação de Filosofia do Desporto em Língua Portuguesa (AFDLP) e da Rede Lusófona de Pesquisadores em Esportes Eletrônicos (RELUPE). Atualmente estuda as Artes Marciais em suas diversas áreas de atuação, o Olimpismo, a Filosofia e Sociologia dos Esportes, os Jogos e e-Sports, História do Desporto, Terapias Holísticas, Práticas Integrativas Complementares em Saúde (PICS) e Esportes Não Hegemônicos. Autor de diversos livros, capítulos de livro e artigos científicos no Brasil e no exterior. Docente em academias há mais de 20 anos. Terapeuta holístico há mais de 15 anos. Pesquisador e docente universitário há mais de 10 anos. Docente em academias há mais de 20 anos. Terapeuta holístico há mais de 15 anos. Pesquisador e docente universitário há mais de 10 anos.

Carolina Goulart Coelho, Universidade de Vassouras

Possui Graduação Plena em Educação Física (UERJ). Mestrado em Ciências da Atividade Física (UNIVERSO). Doutorado em Educação (FUNIBER em andamento). Especializações em Educação Física Escolar (UFF); Psicopedagogia (UCAM); Orientação Educacional (ANHANGUERA); e Yoga (UNYLEYA). Atualmente é Docente Assistente II no curso de Bacharelado em Educação Física da Universidade de Vassouras - Campus Maricá, onde ministra disciplinas relacionadas à Prescrição de Exercícios Físicos em Condições Especiais de Saúde; coordena pesquisa sobre atividade física e envelhecimento; participa de ações extensionistas e orientações de TCCs que contemplam suas áreas de atuação. Tem experiência no trabalho em academias no âmbito das aulas coletivas, com atuação em academias especializadas para mulheres e terceira idade, além das atividades aquáticas como natação e hidroginástica; ministra aulas e workshops de Yoga em modo on-line. Na educação básica, atuou como Orientadora Educacional junto ao Ensino Médio na Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro e como professora regente de Educação Física em turmas de Ensino Fundamental I e na Educação de Jovens e Adultos (EJA) na Fundação Municipal rede Educação de Niterói. Com duas décadas de experiência, sua carreira é pautada nos diálogos interdisciplinares nos campos da Educação, das Ciências Humanas e da Saúde.

Carlos Eduardo Rafael de Andrade Ferrari, Universidade de Vassouras

Carlos Ferrari é doutor, aprovado por unanimidade, nota máxima, membro pesquisador do Centro de Investigação, Formação, Inovação e Intervenção em Desporto, pela Universidade do Porto (UP / FADEUP / PORTUGAL) com reconhecimento pela Universidade de São Paulo (USP / BRASIL); mestre em Ciências da Atividade Física, membro pesquisador do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ciências da Atividade Física, pela Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO / PPGCAF / BRASIL); especialista em Ciências do Desporto, especialidade de Desporto, Educação e Cultura, pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (UP / FADEUP / PORTUGAL); bacharel em Educação Física, com prêmio de dignidade acadêmica no grau Summa cum laude, em razão do Coeficiente de Rendimento Global de 9.58, pelo Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM / BRASIL); licenciado em Educação Física, com prêmio de dignidade acadêmica no grau Cum laude, em razão do Coeficiente de Rendimento Global de 8.67, pelo Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM / BRASIL). Carlos Ferrari é um dos idealizadores do Projeto Educação nos Valores Olímpicos, aprovado pela Direção-Geral da Educação (DGE), que conta com o apoio do Comité Olímpico de Portugal (COP), da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP), Teach for Portugal e do Centro de Formação de Associação de Escolas (CFAE) Guilhermina Suggia. (Decreto-Lei n. 55/2018 - Portaria n. 181/2019 de 11 de junho). Carlos Ferrari tem experiência na área de Educação Física, atuando principalmente nos seguintes temas: Educação Física escolar (EFe); projetos - esportivos - sociais; esporte educacional e inclusão; processo ensino-aprendizagem; docência; discência; violência e Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Produções: livros organizados (7); capítulos de livros nacionais e internacionais (17); artigos completos publicados em periódicos nacionais e internacionais (21); resumos expandidos publicados em anais de congressos (2); resumos publicados em anais de congressos (3); trabalhos apresentados em eventos (13); participação em bancas de trabalhos de conclusão de curso (39); demais tipos de produção técnica (3); produção artística / cultural (1). Atualmente, Carlos Ferrari é Professor Adjunto I da Universidade de Vassouras, membro do Colegiado e do Núcleo Docente Estruturante (NDE), do Curso de Educação Física, Campus Saquarema, lecionando notadamente no ensino presencial nas seguintes disciplinas, a saber: Administração e Marketing Aplicados à Educação Física, Estágio Supervisionado Obrigatória I e Educação Física e Ludicidade. Carlos Ferrari também atua como Supervisor de Estágio Curricular Obrigatório no Curso de Educação Física da Universidade de Vassouras, Campus Saquarema, acompanhando e orientando discentes nas práticas pedagógicas e profissionais desenvolvidas em instituições de ensino e demais espaços de atuação profissional de educação Física. É responsável pelo planejamento, mediação, avaliação e validação das atividades de estágio, promovendo a integração entre teoria e prática conforme as diretrizes curriculares nacionais e os objetivos do curso. E-mail: ceraferrari@yahoo.com.br / Facebook: https://www.facebook.com/carlos.ferrari01/ Instagram: @prof.dr.carlosferrari

Downloads

Publicado

2025-12-09